A hipertensão é uma doença que afeta milhões de pessoas no mundo. Existem tratamentos farmacológicos (remédios) e não farmacológicos (ajustes na dieta, exercícios, terapias para controlar o estresse), que podem ser associados para ajudar no controle dos valores da pressão arterial. A dança é uma modalidade menos convencional na reabilitação cardiovascular e no auxílio do tratamento da pressão alta. E por ser associada à melhora na socialização e na autoestima, pode auxiliar no combate à depressão, à timidez, à ansiedade e ao estresse.
30 minutos por dia de atividade física já ajuda
Nos tratamentos não-farmacológicos da hipertensão, destaca-se a recomendação para a prática regular de atividades físicas, que comprovadamente pode reduzir a pressão arterial e prevenir as complicações da doença. Realizar 30 minutos por dia de atividades físicas moderadas, mesmo sem a supervisão de um profissional, já ajuda a diminuir a pressão arterial. Mas isso só vale se a pessoa não sentir nenhum sintoma quando faz essa atividade física!
Escolhendo a dança!
A Profa. Dra. Kátia De Angelis, do Departamento de Atividade Física da SBH, explica que se a atividade física escolhida para auxiliar no tratamento da pressão alta for a dança, entre seus benefícios estão a melhora na flexibilidade e no condicionamento físico, aprimoramento da coordenação motora e a perda de peso, entre tantos outros. Além disso, estudos começam a demonstrar que a dança pode ser uma forma complementar de terapia no combate à hipertensão. Qualquer pessoa pode dançar, de qualquer idade ou condição física ou social. Eventuais restrições físicas podem ser superadas com o auxílio de um profissional que realize ajustes nos passos da dança adequando às limitações do praticante.
Exercícios físicos precisam ser estruturados
Sobre a atividade física no controle da hipertensão arterial, benefícios mais fortes são conseguidos com um programa de exercícios físicos estruturados. Esses exercícios para controle da hipertensão arterial devem ser prescritos por profissionais qualificados. Eles devem envolver, principalmente, atividades de característica dinâmica aeróbia, como caminhar/trotar/correr, andar de bicicleta, nadar, entre outros. Mais recentemente, pesquisadores estudam outras formas não tão convencionais de atividade física, como a dança, e seus efeitos na redução da pressão arterial.
Em 2016, uma revisão de pesquisas científicas envolvendo os efeitos da prática regular da dança em pessoas com hipertensão foi publicada na revista International Journal of Cardiology. Foram avaliadas 4 pesquisas conduzidas em homens e mulheres hipertensos com idade entre 44 e 55 anos, que estavam tomando medicamentos anti-hipertensivos e realizaram aulas de dança 2 a 3 vezes por semana, com duração de 45 a 60 minutos, durante 4 a 12 semanas. Os autores dessa revisão demonstraram que a dança reduziu a pressão arterial sistólica (máxima) e diastólica (mínima) dos praticantes. Tais resultados reforçam a ideia que a dança possa ser usada como terapia complementar no tratamento da hipertensão arterial.
Tratamento da hipertensão precisa de equipe multidisciplinar
Se a hipertensão não for tratada de forma adequada há um expressivo aumento no risco de infarto do coração, acidente vascular encefálico (popularmente conhecido como derrame) e doença renal. O acompanhamento de uma equipe multidisciplinar (médico, enfermeiro, psicólogo, nutricionista, professor de educação física, farmacêutico, entre outros) facilita a obtenção do sucesso no tratamento da hipertensão.
Se você gosta de dançar e tem hipertensão ou risco de desenvolvê-la em função de hábitos de vida não saudáveis ou de um histórico familiar de pais hipertensos, converse com seu médico e com um professor de educação física sobre a possibilidade de incluir a dança como parte de seu tratamento para evitar o aumento ou reduzir os valores de uma potencial pressão alta.
A dança não substitui outros aspectos do tratamento de hipertensão
Os pacientes hipertensos que se beneficiaram com a prática da dança no estudo estavam tomando a medicação para a hipertensão. Se você tem hipertensão, inclua a dança na sua vida mas não deixe de tomar diariamente seus remédios, faça os exercícios físicos recomendados por seu professor de educação física e ajuste a dieta de acordo com o recomendado pelo nutricionista. Quando estiver dançando, procure executar movimentos contínuos e em uma intensidade que lhe faça sentir bem.
Procure falar com seu parceiro ou colega de dança, para garantir uma intensidade de dança que não esteja acima do que você consegue fazer. Caso tenha dificuldade em falar uma frase completa enquanto estiver dançando, procure reduzir o ritmo da dança. Se você é hipertenso, esteja atento às recomendações do seu professor. Pode existir a necessidade de medir sua pressão arterial e/ou monitorar sua frequência cardíaca quando estiver dançando.